Os futuros do trigo dispararam na quarta-feira tanto dos Estados Unidos como na Europa, com algumas cotações encontrando sua maior alta em três meses, aponta a Consultoria AgResource Brasil. De acordo com os analistas de mercado, um “prêmio de risco está sendo adicionado em meio à incerteza sobre a capacidade da Rússia e da Ucrânia de abastecer o mercado mundial durante o inverno com ambos em guerra”.
“Novas sanções à Rússia são prováveis após os referendos falsos na Ucrânia. Uma escalada na guerra na Ucrânia é iminente. Os proprietários de embarcações estarão ainda menos dispostos a sacrificar capital e mão de obra”, projetam os especialistas da filial da empresa norte-americana AgResource Company.
Por sua vez, a equipe de analistas de mercado da Consultoria TF Agroeconômica destacam também que as altas nas cotações do trigo foram impulsionadas em função da queda do valor do Dólar nos mercados internacionais, que tornaram mais atraentes as exportações norte-americanas.
O FATOR ARGENTINA
Um fato que pode pesar no mercado nos próximos dias seria a criação de um “Dólar Trigo” por parte do governo argentino com o objetivo de facilitar a entrada da moeda estrangeira no país vizinho. O presidente da Câmara de Arbitragem da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, Jorge Omar Viola, descarta a ideia porque “não aumentaria exportação uma vez que o volume plantado e produzido já está dado, mas poderiam acelerar as vendas (internas) como ocorreu com a soja”.
Já o consultor argentino do mercado de trigo, Pablo Maluenda, acredita que a adoção da medida pelo governo trata-se de questão de tempo. “O governo tende a estruturar uma medida semelhante para o trigo. Isso pode aumentar a vontade de exportar, mas já há estímulo para exportação pelo preço atrativo”, comentou ele durante o último Congresso da Abitrigo.
Na opinião dos analistas da TF Agroeconômica “também o governo argentino, que tem forte necessidade de dólares, poderá sim, implantar um ‘Dólar Trigo’, já que o produto é um dos grandes geradores de divisas para o país, apesar da forte quebra de safra desta temporada”.
A Bolsa de Grãos de Buenos Aires fixou a produção de trigo da Argentina em 17,5 milhões de toneladas, contra os 19 milhões projetados do USDA. Um corte similar de 1,5 milhão de tonelada nas exportações é necessário devido à erosão dos estoques. “Não há mais proteção contra perda de rendimento na Argentina”, diz a AgResource Brasil.
Fonte: Agrolink
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