“Pode ser cultivado e criado com segurança nos Estados Unidos”. Assim, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos liberou a produção do trigo HB4 da Bioceres.
Segundo o USDA, o grão geneticamente modificado pela argentina Bioceres em parceria com empresas brasileiras, não requer regulamentação específica.
A autorização para a produção é uma de várias etapas para o trigo HB4 efetivamente chegar aos consumidores nos Estados Unidos, disse Peter Laudeman, diretor de política comercial da US Wheat Associates, em entrevista à Bloomberg. Os Estados Unidos são o quarto país a aprovar a produção do trigo HB4 – após Brasil, Argentina e Paraguai. O cereal da Bioceres foi o primeiro trigo transgênico a ser desenvolvido, mundialmente.
No Brasil, o cultivo do HB4 já foi aprovado pela CTNBio, Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, mas ainda está em fase de testes, em parceria com a Embrapa, principalmente em áreas de Cerrado – Goiás e Minas Gerais, mas também na região Sul do Brasil – Paraná e Rio Grande do Sul.
O pedido na CTNBio foi apresentado pela brasileira Tropical Melhoramento e Genética (TMG), que possui parceria com a Bioceres. Segundo a empresa argentina, essa variedade é resistente à seca e produz cerca de 20% a mais do que uma semente convencional durante períodos de estiagem.
Na Argentina a comercialização aos produtores começou este ano, embora a produção em áreas reservadas já tivesse ocorrendo há algumas safras.
“Por enquanto as sementes estão em fase de testes (no Brasil), não pode vender, porque para isso é necessário um registro no Ministério da Agricultura, o que demanda dois anos de testes”, disse ao AgFeed Alexandre Garcia, head de sementes da Bioceres, em 2023.
O executivo estimou na época que o plantio comercial poderia acontecer em 2025, para chegar ao produtor na safra 2026.
As características do trigo HB4 dependem de cada variedade. “O apelo para o produtor é você conseguir cultivar o trigo em condições que antes eram limitantes, como por exemplo, fazer uma segunda safra com o cereal no Cerrado”, disse o executivo da Bioceres.
“Já nas regiões tradicionais de trigo, como no Sul do Brasil, a tecnologia promete oferecer uma maior possibilidade de manter a produtividade em condições climáticas desfavoráveis, como falta de umidade e alta temperatura”.
Quando o Brasil plantou as primeiras sementes de soja transgênica, há 20 anos, o produto também veio da Argentina e era apelidado na época de “soja maradona”, já que demorou um tempo para que as autoridades aqui liberassem oficialmente o cultivo em território nacional. A dúvida agora é quando o “trigo maradona” chegará aos campos brasileiros para valer.
Fonte: AGFeed
Deixe sua opinião